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20 setembro 2013

O Guerreiro de Damasco (Final)

Deixei-o com ele e segui para tentar alcançar os seus comparsas, mas foi em vão. Corri por um bom tempo, mas era impossível alcançá-los. Retornei frustrado.
Quando me acheguei ao local onde havia deixado o atirador, o maldito estava morto, mas Abbas havia conseguido arrancar alguma informação.
O mandante do crime era um Paxá, um maldito governador local, seu nome era Raed. Era um homem desprezível que tinha divergências com o antigo Califa. O homem queria escravizar o povo através da oratória e influência, e sabia que o Hamam tinha as palavras certas, mas se recusou a fazê-lo. Então a “solução” seria retirá-lo do poder. Daí os malditos boatos.
Quando segui para o seu palácio, ele não estava mais lá. Não fui bem recebido, tentaram me prender, mas isso não era problema, dexei-os com um monte corpos amontoados, porém não os matei.
– Onde ele está? – perguntei a um dos moribundos enquanto afundava a minha mão no rosto do infeliz. – Onde está o Paxá Raed?
O desgraçado cuspia sangue.
– Eu sei que foi ele que agiu por detrás de tudo! – insistia.
– Você nunca trará o seu senhor de volta. – disse.
Meu golpe seguinte o deixou inconsciente.
Era fato, eu não sabia aonde encontrar o maldito que armou contra o antigo califa. Foi quando ouvi uma risada desdenhosa. Observei quem era o moribundo que ainda se prestava a rir.
Aproximei-me.
– Você nunca o encontrará. – disse.
Abaixei-me.
– Para onde ele foi?
Encostei a lâmina de minha cimitarra em sua fronte, ele continuava a rir.
– Você é o próximo da lista. – continuou ele. – Vão matá-lo antes do dia se levantar amanhã de manhã.
Corri lentamente a espada, um fio de sangue correu para o seu olho.
– Onde?
A risada parou.
– Você nunca irá encontrá-lo. Ele sabia que você viria, só retornará quando você estiver morto.
Pressionei a espada.
– Onde?
– Está longe agora. Ele se refugiou em um país europeu.
O desgraçado começou a falar enquanto eu guardava cada informação. O Paxá Raed havia partido para se esconder na Europa como um mercador. Disse que ficaria transitando entre em Madrid, capital espanhola, Eurico, a maior cidade do reino de Portugal, para ocultar a sua localização.
O desgraçado era tão covarde que contratou homens para me eliminar, sabendo que eu vingaria a morte de Hamam.
Pois saiba, Raed, que agora partirei em teu encalço. Seguirei para a Europa em busca de ti, o assassino de meu antigo amigo. Acusaram-no de ser cristão apenas por motivos egoístas, pessoais e baixos. Apegaram-se a um único pensamento para que este causasse o alvoroço que causou. Jogaram aos quatro ventos, difamando a sua imagem, distorcendo-a. Jogaram-no contra as autoridades, contra homens de igual valor. Por isso ele demonstrou um valor ainda maior, recusando-se a lutar contra homens tão honrados quanto ele, demonstrando a sua miséria e pensando no povo. Mas, apesar dos pesares, este pensamento do meu antigo senhor era carregado de lógica. Ninguém diz que Jesus Cristo era um falso mestre, um louco, perdido em devaneios, ou, sequer, um mentiroso, muito pelo contrário. Mas Ele afirmava ser o filho de Deus, algo que eu sequer seria capaz de acreditar. Então o antigo califa seguia apenas uma lógica: se este profeta de fato fosse sincero, porém sequer tivesse a natureza que dizia ter, então era louco e todos os seus ensinamentos e citações em qualquer livro de qualquer cerne deveriam ser riscados, e isso não batia com a lógica. Se este profeta alegasse ser quem fosse, mas ainda estivesse mentindo, todos os seus ensinamentos não teriam valor algum, o que também não era verdade. Então, se este profeta não era louco, nem mentiroso e estava sendo sincero, então Ele falava a verdade e agia como o bom mestre, significando que Ele, verdadeiramente, era o filho de Deus.
E foi por esse pensamento que mataram um grande homem.
Partirei para Europa e pensarei nessa lógica enquanto caço o assassino do antigo califa. 

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