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03 outubro 2013

Missão de Guerra - Primeira Parte - (Continuação ll)

O dia passava lentamente enquanto os quatro guerreiros cortavam a floresta. Depardieu observava os seus novos “companheiros”. A começar por Avaantã e sua esposa, Japira. Eles eram formidavelmente preparados fisicamente: possuíam grande força muscular, a par de resistência à fadiga, que lhes permitiam deslocarem-se velozmente a grandes distâncias em plena selva. Depardieu era um homem extremamente treinado e preparado para qualquer tipo de obstáculo, mas duvida que seria capaz de acompanhar esses guerreiros se não fosse seu treinamento. Sequer seria capaz de fazer frente à força e habilidade demonstrada por aquele casal. Foram capazes de distinguir pelo cheiro a sua “raça” de homem branco. E agora seguiam pela floresta rastros e indícios que sequer conseguia notar. Seriam todos os selvagens no mesmo nível de combate? Então, por que não haviam derrotado os rebeldes franceses de uma vez por todas?
– O povo rebelde francês possui armas poderosas, difícil de derrotá-los, ainda mais de rastreá-los. – disse Eurico enquanto cortavam a floresta, parecendo saber o que Depardieu pensava. – Bons homens meus deram a vida contra eles, morrendo em alto mar ou aqui em terra, porém restou apenas a mim para continuar o combate, foi quando Avaantã, o Chefe dos Chefes de sua Nação, ofereceu apoio contra o inimigo, pois estes também destruíam seu povo.
Depardieu também observava o senhor Eurico. Ele não possuía ares de um simples governador. Ele era um aventureiro! O que mais estaria fazendo tão longe de sua cidade para governar. Alias, sua condição física também era bastante exemplar e adaptada, capaz de acompanhar o casal de selvagens com certa facilidade.
– Minha preocupação era com os navios de guerra que derrubaram o meu. – continuou ele. – Mas, por sorte, você apareceu e derrubou uma das embarcações, facilitando o embate. Eu apenas não entendo o que você veio fazer aqui?
“O mesmo pergunto sobre você”.
– A rainha-mãe de meu país acha interessante dominá-los ou destrui-los, pois acredita que, por terem sido expulsos de sua terra natal, possam haver represálias em um futuro próximo.
– Entendo... É melhor que acabemos com toda essa bagunça.
De súbito, os quatro guerreiros irromperam em uma grande ocara, era a tribo de Avaantã. Depardieu observava a tudo. “Onde Estamos?”.

– Que lugar é esse?
– Esta é a minha terra. – respondeu Avaantã. – Faça algo além do permitido e será a última coisa que verá!
“Ele gosta de ameaçar”.
– Essa é a aldeia da tribo de Avaantã. – respondeu Eurico.
Depardieu observou o lugar. Todos eram muito parecidos, das crianças que brincavam aos velhos que aconselhavam. A aldeia era enorme. Avaantã e Japira seguiram o centro da taba, buscando a oca mais elevada. De dentro da casa, saiu uma criança.
– Yuatã! – disse Japira na língua nativa enquanto Avaantã o tomava no colo com amor. – Minha criança!
Parecia que os ferimentos que Depardieu havia causado no guerreiro selvagem já estavam sarados, ou ele ignorava muito bem, diferente dele, as dores o fustigavam insistentemente.
– Venha! – disse Eurico. – Quero lhe mostrar algo!
Depardieu o seguiu, partindo para outro ponto da grande Ocara.
– Como fará para retornar à sua terra? – perguntou.
Eurico sorriu.
– Eu tenho meus meios. – respondeu em meio ao sorriso enquanto entravam em uma oca. Eurico seguiu até o centro e apanhou uma espada, arremessando em seguida para Depardieu.
– Tome! – disse. – É aço espanhol, vai resistir às agruras que terá de enfrentar daqui para frente.
– Do que você está falando?
Eurico sorriu mais uma vez.
– Enviaram-no às cegas, não é mesmo? Você sequer sabe o que estão enfrentando.
“E parece que ninguém sabia”.
– Pelo resultado que vejo, – era Depardieu. – parece que não faria muita diferença saber...
Eurico sacou um calhamaço de anotações.
– Esses rebeldes franceses a que caçamos são muito diferentes do que você imagina.
– Do que está falando?
– Eles são difíceis de rastrear, até mesmo para os guerreiros selvagens que são capazes de seguir rastros de semanas atrás. Eles são mais velozes e fortes, perfeitamente discretos e estão se espalhando como uma praga nestas terras. Os únicos que foram capazes de segurá-los são exatamente os nativos daqui, os mais preparados para enfrentá-los. Já caçamos metade deles, mas isso me custou a maioria dos meus homens, tivemos que queimar os seus corpos. Os selvagens também tomam a mesma postura quanto aos seus.
– Do que você está falando?
– Leia! – disse. – Meu francês é fraco, mas consegui entender o que esses documentos diziam. Parece que a “arma secreta” se voltou contra os próprios franceses, por isso classificá-los de “rebeldes”. Isso foi tudo que consegui quando os enfrentei. A sua rainha tem total razão de temer e querer exterminá-los... 

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