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25 outubro 2013

Missão De Guerra - Terceira Parte - (Final)

 A Perseguição Os Alcança


O estranho grupo montado por Dom Paulo Barros Eurico esperava o retorno de Victor. Para todos os efeitos, não havia restado muitos monstros espalhados pelas redondezas, precisava-se encontrar o foco, o maldito filho bastardo da rainha-mãe.
Sir Ray aguardava recostado em uma árvore, com a sua katana repousando sobre o seu ombro. Lien caminhava e sorria ao ver as crianças da tribo se divertindo, parecia que não havia um perigo tão real próximo a eles.
– Elas não têm com o que se preocupar. – era Japira, dirigindo-se à jovem chinesa. – Confiam plenamente em nós para protegê-las.
Lien observou o pequeno Yuatã correr em direção da mãe, esta o ergueu em seu colo.
– Logo eles crescerão e se tornarão os nossos líderes, guardiões, guerreiros, campeões.
– Vocês possuem um bom cuidado com os seus filhos. – observou Sien. – Espero logo ter o meu.
Japira sorriu.
– Seu filho será um grande guerreiro, seguindo a força dos pais.
Era a vez de Lien sorrir.
– Espero que sim.
Depardieu mostrava-se impaciente.
– Quanto mais esperaremos? – perguntou, logo anoiteceria. – Será difícil efetuar qualquer investida contra o inimigo durante o breu da noite.
– Tudo ao seu tempo, meu caro francês. – era Dom Eurico. – Tenho certeza que o guerreiro que enviei para exploração logo retornará com o que precisamos saber.
Os guerreiros da tribo e os soldados remanescentes do grupo militar que Eurico liderava estavam prontos. Os curandeiros ainda investigavam o que a pequena moça, Rosa de Lisboa, havia ingerido para evitar a infecção.


– Nós vamos destruir o inimigo com ou sem luz! – era Avaantã. – Não importa!
– Quanto mais cedo ele retornar – era Sir Gregory. – melhor poderemos montar a nossa investida.
Todos os guerreiros, selvagens ou não, aguardavam pelo retorno de Victor. De súbito, um corpo se lançou da floresta, irrompendo aldeia à dentro.
– Victor? – era Eurico, seguido pelos demais, correndo em sua direção, ele estava muito ferido. – Você está bem?
Dom Eurico virou o soldado.
– Desculpe-me. – disse ele. – Eu falhei com vocês.
– Do que você está falando? – era Depardieu.
Eurico observou as suas feridas, haviam marcas de garras e mordidas, ele logo se transformaria.
Avaantã rapidamente percebeu a gravidade da situação. Um cheiro diferente invadiu as suas narinas.
– Todos! – gritou. – Escondam as crianças! Todos os guerreiros! Preparem-se!
Sir Ray, Sir Gregory, Lien, Avaantã, Japira, Dom Eurico, Depardieu e todos os outros guerreiros, selvagens ou não, prepararam-se para a investida. Aqueles que não lutariam, mulheres mais frágeis e adolescentes, cuidavam de resguardar as crianças, correram para a ocara maior.
Um silêncio profundo se estabeleceu de súbito.
Victor levantou-se, muito ferido, mas pronto a lutar. Depardieu o observou, logo ele se transformaria. Foi quando uma das criaturas saltou de meio à selva sobre um dos soldados portugueses, este atravessou a lâmina no peito do monstro à medida que descia sobre ele.
Vários outros saltaram da floresta, alguns urravam.
O espanhol Victor observou. O número de defensores não se mostrava suficiente para ressitir a uma investida com inimigos tão numerosos e cruéis. Um grupo de monstros avançou, correndo sobre os braços e pernas, pareciam endemoninhados, gritando e salivando.
Depardieu golpeou com a sua nova espada, cortando metade da face do monstro mais próximo, este reagiu como se nada fosse, pulando com as garras em direção ao pescoço do francês. Depardieu agiu mais rápido do que pensou, passando a espada, em forma de arco, à sua frente, arrancando as duas mãos do monstro ao mesmo tempo, forçando-o a cair em seguida. Não titubeou, arrancou a cabeça, ainda impressionado com a resistência do monstro, mas aliviado por ele não possuir técnica alguma, já havia enfrentado algo parecido no passado. Avançou no seguinte.
Sir Ray tomou posição de ataque, liberando a guarda de sua espada com o polegar esquerdo. O primeiro monstro avançou saltando como um lobo. Sir Ray cortou o ar na direção contrária, transversalmente, cortando o monstro da ponta da cabeça até altura do tronco, virando-se em seguida e decapitando o monstro mais próximo. Um deles o agarrou pelas costas, pronto a mordê-lo. Ray não esperou um segundo sequer, avançando a ponta de sua espada em direção à sua retaguarda, por sobre o ombro e cravando no rosto do inimigo, puxando a lâmina de volta e para cima, retalhou-o.
Lien arremessou os seus punhais na altura dos pescoços de seus adversários, forçando-os a diminuir o ritmo da investida, atacando outros de imediato. Uma criatura saltou sobre a guerreira, caindo ambos por terra. Lien rapidamente apoiou-se com os braços, de costas para o chão, jogando o inimigo com as pernas para trás. A guerreira chinesa levantou-se em um salto. A fera avançou em contra-partida. Lien saltou por cima cravando um punhal em sua nuca, o monstro caiu inerte.
Lien abriu um sorriso.
– E ainda se dizem “monstros”. – disse recolhendo o punhal de sua nuca, estavam acabando.
Sir Gregory riscava o ar com a sua espada chinesa, infringindo dano ao maior número de adversários possíveis. Sentiu, de súbito, um vulto às suas costas. Saltou para frente, virando em pleno ar, atacando com a sua espada. Foi então que percebeu o monstro. Tudo pareceu ocorrer lentamente. A criatura avançava de forma feroz, com as garras das mãos vindo em sua direção. A lâmina de Sir Gregory cortou os dedos e a boca da fera, este caiu rolando pelo chão. Tentou levantar-se, sua cabeça foi arrancada.
– Poupem energia! – gritou Sir Gregory. – Esses guerreiros são os mais fracos!
– E eu achando que realmente tinha melhorado na minha capacidade de combate. – era Lien golpeando mais outro, perfurando o seu pescoço. – Alguns deles estão falando em francês! Sabem o que estão dizendo?
– Algo sobre arracar nossos corações e devorar as nossas almas. – era Depardieu.
– Eu sabia que estavam falando da gente! – concluiu ela.
Alguns guerreiros não tinham tanta sorte quanto o grupo formado por Dom Eurico. Alguns soldados portugueses tinham as suas carnes estraçalhadas pelas feras. Os guerreiros selvagens lutavam com vigor, seus tacapes arrancavam nacos de carne das cabeças dos monstros, neutralizando-os em parte, quebravam os pescoços em seguida com os seus golpes, mas alguns eram engolfados pelo mar de inimigos que se formava.
Avaantã era muito forte, mesmo para os monstros. Ele agarrou um pelo pescoço, neutralizando qualquer ataque do adversário. Quebrou a cabeça do adversário com o seu tacape. Outro avançou pelo seu lado, o tacape subiu em franca ascendência, afundando a face do monstro, deslocando a cabeça, um segundo golpe na nuca finalizou o inimigo ainda no chão.
Japira sentia-se feliz por encontrar adversários quase à altura de sua força. Ela atacava com facas de pedras, cravando em seus pescoços e abrindo as suas artérias. Porém as feras continuavam avançando, mesmo sangrando fortemente. Era nessa hora que sua força lhe valia. Com os seus punhos, quebrava-lhes os pescoços. Outro monstro avançou sobre ela, ela virou-se rapidamente, desferindo o soco mais forte que podia oferecer, apesar da resistência da fera, foi impossível para ela não ser jogada para trás. Agora era Japira que avançava como uma fera, soltando o seu grito de guerra sobre o monstro.
Dom Eurico atacava com agilidade. Um monstro avançou, apenas para sentir a lâmina cortando o seu pescoço. Outro avançou.
– Recue! – ordenou, o monstro não deu ouvidos. – Nós estamos preparando uma cura, vocês vão ficar bem!
O monstro sorriu.
– Eu não preciso “ficar bem”! Eu preciso é da sua carne!
Eurico bloqueou o seu ataque.
– Então você não merece minha misericórdia. – concluiu.
O golpe seguinte arrancou a sua face, derrubando-o no chão, coberto de dor.
– Essa doeu! – era Lien.
– Continuem atacando! – gritou Avaantã.
Os guerreiros continuavam avançando ferozmente. Ao poucos, os invasores foram sendo derrotados. Até que sobraram poucos monstros e defensores de pé. Nenhum soldado português havia sobrevivido, poucos guerreiros selvagens ainda estavam de pé. O estranho grupo montado por Dom Eurico continuava. Avaantã e Japira apenas pensavam nas crianças, elas não poderiam ser tocadas.
– Quantos monstros ainda estão de pé? – era Depardieu. – Alguém consegue contar?
– Vejo apenas onze! – era Sir Ray.
Os monstros lentamente recuaram, fugindo dentre a selva densa.
– Alcancem essas feras! – foi a ordem de Avaantã.
Vários guerreiros selvagens partiram em perseguição. O grupo ficou para trás.
– Victor, – era Eurico. – você está bem?
Victor suava frio, estava deveras ferido. O sangue contaminado corria as suas veias, logo se tornaria aquilo que não desejava.
– Localizei o covil das feras e estimei quase duas centenas de monstros antes que me rastreassem. Acredito que, desses, mais da metade veio em meu encalço.
– Isso significa que eliminamos a grande maioria. – concluiu Sir Gregory.
– Porém todos os meus homens foram mortos, – era Eurico. – e a maioria dos guerreiros selvagens expiraram.
– Morreram com honra, – concluiu Avaantã. – lutando contra um inimigo mais poderoso.
– Você pode nos levar a esse covil? – perguntou Eurico mais uma vez.
– Sim.
– Eles enviaram os mais jovens contra nós, – era Sir Gregory novamente. – os mais fracos. Sir Ray, Lien e eu, enfrentamos um dos primeiros infectados e sabemos o quanto eles são fortes. Estou certo que eles estão se preparando para avançar.
– Isso não acontecerá de novo. – retrucou o líder selvagem, virando-se para os poucos guerreiros selvagens que ainda encontravam-se de pé. – Minha nação não será atacada novamente! Convoquem os guerreiros das outras tribos! Convoquem de outras nações! Faça ressoar a mensagem que o ataque final aos monstros ocorrerá ainda essa noite!

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