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07 outubro 2013

O Pequeno Li - Inicio

Uma Investida Covarde

Presente.


''Era o ano de nosso Senhor de 1584, China. A terra tremia. Eu estava no interior de um depósito. Um aroma salgado de suor e sangue pairava naquele lugar, já estava ali há muito tempo. O pequeno Li contava apenas 13 anos. O garoto e eu lutávamos. Os guerreiros se aproximavam cada vezpo para encontrá-lo. As nossas vidas haviam se tornado um alvo. Os malditos nos atacaracom tudo, de qualquer maneira. Feriram-nos sem piedade. Eu continuei de pé enquanto os nossos inimigos caíam por terra sem saber o porquê: Deus nos protegia. Dava-nos forças para lutar, apesar de não restar mais nada.



– Vermes, vocês têm sorte de eu ter me contido! – falei enquanto o sangue quente escorria dos meus ferimentos, os inimigos ficavam para trás como objetos quebrados.
Mas um novo desafio estava logo adiante: uma segunda leva de inimigos havia se formado de repente. Eu sabia que eles desejavam tragar as nossas vidas, apenas não sabia o quanto. Eles queriam matar a mim e ao garoto. Mas, para fazer isto, eles teriam de passar por mim. Meu nome é Huang Sien Wen! Olhei para o pequeno Li, seu rosto estava pálido, o seu sangue se esvaía com vontade, ele não tinha como prosseguir a luta, suas pernas arquearam na altura dos joelhos, sua espada veio ao chão. Apenas eu poderia continuar empunhando uma espada.
Era isso que eu estava esperando.
Olhei para o garoto, ele perdeu os sentidos, mas os seus olhos me fitaram antes de cair. Eles suplicaram pelo um fim disso tudo. Não pude recusar, Deus estava comigo. Senti um sorriso se formando em meu rosto, avancei sobre eles e não parei mais. Havia me tornado algo irreconhecível aos olhos dos meus inimigos, todos estavam caindo ante minha força. Então, meus pés vacilaram. Um deles havia me acertado e eu caí por terra. Outro em meu lugar teria morrido. Ainda me lembro do meu grito, involuntário. Naquele momento, o que havia de humano em mim desapareceu. Tudo que havia restado era o que eu considerava divino, continuei sorrindo. Eu era um Guardião. Iria proteger o garoto. Ataquei com ainda mais vigor. O sangue dos meus inimigos foi jogado pelo ar, era possível ver as manchas nas paredes do casarão.
Eu estava além do irreconhecível, tinha de proteger a criança. Naquele momento, eu matei tudo que se movia. Outros guerreiros avançaram sobre mim, mais feridas foram abertas em meu corpo, não me importei com isso, matei a todos. E continuei a luta por um bom tempo. Os gritos se seguiam um atrás do outro. Não fui capaz de perceber quando tudo havia terminado até tudo estar realmente acabado. Só parei quando percebi que havia apenas corpos espalhados pelo chão, não encontrei mais nada, nenhum inimigo, vi apenas o garoto. O pequeno Li ainda estava lá, morrendo aos poucos.
– Li... – disse estendendo a mão. – Acorda! – o segurei. – Temos de sair daqui! – ele não abria os olhos. – Li... – temi por sua vida. Chorei.
Aos poucos, ele abriu os olhos, para o meu alívio. O garoto veio estendendo a mão em direção ao meu rosto, seus dedos tão pequenos me tocaram. Meu coração balançou, não podia, não queria perdê-lo.
– Obrigado... – disse ele. Mas tive a impressão de sentir algo que temia: ele estava morrendo, pois sua mente parecia estar em um lugar vazio e só, onde o som ecoava até se perder em trevas sem-fim.
Sentia-me falhar a cada segundo.
– Perdoe-me... – falei sem me conter. – Deus...
Como eu queria retornar aos nossos poucos momentos antes desse turbilhão de horror nos alcançar”.

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